Resumo do Programa “Grande Informação”

20.02.1992 - 21:45 H

Colo de Pito - 1970 1970
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Em directo da aldeia de Colo de Pito

O programa iniciou-se ao som da “ Cantiga do Manel e da Maria ” tocada, na concertina, pelo tio Bernardino.

O locutor informou a audiência sobre o assunto do programa “A Aldeia de Colo de Pito”.

Referiu a sua localização ( junto à estrada nacional nº 2 -EN2 ) e as principais actividades (criação de gado e agricultura de subsistência).

Seguiu-se uma entrevista ao Adélio, na condição de hospedeiro, pois foi na sua casa (garagem) que decorreu todo o programa, dada a escassez de espaço na sede provisória da Associação.

O Adélio referiu a falta de desenvolvimento agrícola da terra, a diminuição da actividade agrícola na região e informou também que, fruto destas realidades, Colo de Pito tinha mais gente sua a viver fora da terra, do que pròpriamente na aldeia. Também sublinhou o tradicional “ bem receber ” da gente da nossa terra.

Acácio Monteiro

A “Moda da tia Anica” foi tocada pelo tio Acácio, no acordeão.

Músicas

O tio Acácio, no acordeão, e o tio Bernardino, na concertina, acompanharam um fado corrido, sobre Colo de Pito, que o Adélio cantou e que é um autêntico hino à nossa aldeia:

 

1)

A gente de Colo de Pito

Simpatia sem limite

Queremos agradecer

À vossa " Rádio Limite "

2)

Nós queremos agradecer

De dentro do coração

Por terem cá vindo fazer

A vossa “Grande Informação”

3)

Vou-vos agora contar

Onde fica Colo de Pito

Fica no alto da serra

Mas num lugar bem bonito

4)

Fica à beirinha da estrada

Perto da Senhora da Ouvida

É uma aldeia modesta

Mas onde há saúde e vida

5)

A terra de Colo de Pito

Cheia de amor e virtude

Tem por sua padroeira

A Senhora da Saúde

6)

À Senhora da Saúde

Em quem temos muito orgulho

Realizamos as suas festas

Durante o mês de Julho

7)

Aproveito a oportunidade

Que a “Limite” nos está a dar

Digo a todos os ouvintes

Que nos venham visitar

Boa noite meus senhores

Com isto vou terminar

Houve depois uma entrevista dedicada ao artesanato de cestaria.

O entrevistado foi o tio Bernardino, que esclareceu como fazia as cestas de esquinas e redondas (cestas-brezas, açafates e gigas, etc.) com colmo e silva ou vime. Disse que a silva tem que ser apanhada no tempo do gelo e da geada e que o vime dá mais trabalho, tendo que ser molhado para dobrar.

Não se cansou de referir que as cestas têm que ficar “ asadinhas” e redondinhas como a barriga de uma mulher.

Lamentou a falta de divulgação do produto, que leva muitas horas a fazer e, por isso, não pode sair barato. Referenciou algumas acções, em que participou, com vista à promoção do artesanato que, por este andar, acaba por desaparecer.

Passou então o Flávio a mostrar os seus dotes de acordeonista, tocando a moda “Eu gosto de ti, tu de mim não gostas”.

A entrevista seguinte foi com o Albertino, enquanto Presidente da Assembleia da Junta de Freguesia das Monteiras.

Justificou que, por vezes, não são decididas obras no povo, em função da necessária solidariedade para com os outros povos da Freguesia. Fez um rasgado elogio ao Presidente da Junta, José Augusto.

Lamentou a falta de verbas e proclamou que a Junta de Freguesia dá, por exemplo às Associações, mais do dobro do que dá a Câmara Municipal.

Voltou o fado, agora à desgarrada entre o tio Abel e o tio Joaquim Fidalgo.

Mais uma entrevista, mas de que não conhecemos a parte final, pois a gravação é caseira e quando se deu conta a cassete já tinha acabado. Foi à tia Maria da Glória, na altura com 72 primaveras, como foi referido na entrevista.

Começou por falar sobre a tradicional e artesanal arte de fiar, tosquiar e fazer meia de lã.

Houve também uma intervenção da tia Palmira que informou que se faz meia com cinco agulhas e que leva dois dias para fazer o par. Além de fazer meia também se dedicou à cozinha e outros trabalhos domésticos.

Voltando à tia Maria da Glória, esta explicou que não faz meias pelo valor, pois não as vende. Faz para a família e algumas para oferecer, que acabam por lhe dar, até, mais do que elas valem. No seguimento da conversa, acabou por embaraçar o entrevistador com a adivinha da “Meia meia”:

Uma meia meia feita,

Outra meia por fazer,

Diga lá o meu menino:

Quantas meias hei-de ter ?

 

Arrebatou a assistência com a história pessoal do “ Rebentou-se-me o elástico das cuecas ”. Era gargalhada que fervia.

Depois contou outras histórias sobre as dificuldades da vida e outras coisas, dada a insistência dos entrevistadores.

Não temos gravação do que se passou até nova moda tocada pelo tio Bernardino, a que se seguiu outra entrevista ao Adélio, agora na qualidade de Presidente da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Colo de Pito.

Falou sobre o sonho da construção da sede. Deu ênfase às actividades desportivas (futebol e atletismo infantil e juvenil) e culturais e recreativas (teatro e confraternização de idosos com apoio do ICA).

Fez uma resenha da história da Associação, desde o chamado Grupo Desportivo e passando pelo Campo de Futebol (pensava gastar-se 1.000$00 e quando se deu conta já ia em 14.000$00).

Realçou as festas de Colo de Pito (Senhora da Saúde) como sendo, na serra, das mais concorridas do Concelho. Informou que, na festa, há um jogo de futebol com uma equipa convidada, que é sempre presenteada com uma sardinhada e uma taça, independentemente do resultado.

Novo fado à desgarrada tendo ao despique o tio Abel e o Adélio.

Final do programa ao vivo e em directo de Colo de Pito, com os profissionais da rádio:

Manuel Oliveira

António Gonçalves

José Mourão

que deixaram no ar esta mensagem:  “Visitem Colo de Pito”


Texto: Delfim Luiz

15/Jan/2002