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A FAUNA - COLO DE PITO

A fauna em Colo de Pito é rica, à semelhança das povoações vizinhas ( Mezio, Custilhão, Vilar, Moura Morta, Monteiras, Eido, Carvalhas, Relva ), sendo constituída pela diversidade de animais  domésticos (vacas, ovelhas, cabras, coelhos, galinhas, patos, etc.), criados não só para o próprio consumo da população como também para a sua comercialização.

Existe, ainda, diversidade de animais selvagens nos montes próximos, onde são mais vulgares, o coelho bravo, a lebre, o texugo, o javali, a raposa e o lobo, o tordo, a águia, a víbora, a cobra, o sardão e o lagarto, a doninha, o gafanhoto e outras espécies. Nos rios abunda o barbo e a truta ( peixe de água doce ) e a cobra de água.

Com os incêndios florestais, infelizmente toda esta zona envolvente de montes e vales ficou ardida e que em consequência afectou significativamente toda a população animal selvagem ( coelhos bravos, lebres, raposa, lobo, texugo, javali ). Outrora zonas de caça livre e hoje em franco declínio, acrescido das actuais e próprias limitações da legislação sobre a caça.

  • Cfr. Decreto-Lei n.º 201/2005, de 24 de Novembro - Altera o Decreto-Lei n.º 202/2004, de 18 de Agosto, que regulamenta a Lei n.º 173/99, de 21 de Setembro, Lei de Bases Gerais da Caça

  • A Lei de Bases Gerais da Caça foi regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 227-B/2000, de 15 de Setembro, sendo que entre as matérias regulamentadas destacam-se o regime de criação e funcionamento de zonas de caça, as normas de ordenamento cinegético consubstanciadas, nomeadamente, através do cumprimento por parte das entidades gestoras de zonas de caça de planos de gestão, planos de ordenamento e exploração cinegética e planos anuais de exploração, o reforço da protecção de pessoas e bens, o regime do direito à não caça bem como a fiscalização da caça.

  • Esta Lei estabelece os princípios orientadores que devem nortear a actividade cinegética nas suas diferentes vertentes, com especial ênfase para a conservação da natureza, criação e melhoria das condições que possibilitam o fomento das espécies cinegéticas e exploração racional da caça, na perspectiva da gestão sustentável dos recursos cinegéticos.

A apicultura ( criação de abelhas ) foi fortemente afectada com os incêndios e consequente produção de mel.

 

Colmeia de Abelhas

Favos

Historicamente, as abelhas surgiram há cerca de cem milhões de anos, junto com o desenvolvimento das flores. A abelha encontra nas flores o néctar e o pólen indispensáveis à sua sobrevivência; por sua vez, uma parte do pólen adere ao seu corpo e é transportada para longe, onde irá fecundar outra flor. Já o nectar vai para o papo ou "estômago de mel" da abelha, onde a acção de enzimas salivares inicia sua transformação em mel. Levado para a colmeia, este é expelido e armazenado nas células.

  • Na Primavera, a colmeia enche-se de abelhas, após a eclosão dos ovos postos pela rainha. Algumas larvas são então alimentadas com geleia real para que surja uma nova rainha. Quando a rainha nasce, uma parte da colmeia (o enxame) deixa a colmeia: trata-se da enxameação. O apicultor tenta recuperar estes enxames para formar novas colmeias. Existem 30 000 a 50 000 abelhas numa colmeia.

  • A rainha é a fêmea fértil que põe os ovos. Ela liberta um odor que todas as abelhas da sua colmeia reconhecem. Uma abelha leva 21 dias a nascer. Antes de se tornar forrageadora, ela ocupa, sucessivamente, diferentes funções no seio da colmeia: limpa, alimenta (produz a geleia real), fabrica a cera (produz a cera para construir os alvéolos da colmeia). Progressivamente, ao tomar conhecimento do mundo exterior, ela defende a colmeia, arejando-a graças aos movimentos das suas asas. No final da vida, torna-se forrageadora. As abelhas de Verão vivem cerca de seis semanas, as de Inverno vivem 6 meses.

Em Colo de Pito sempre existiram criadores de abelhas dadas as excelentes condições geográficas e flora natural. Um dos principais e mais destacados criadores de abelhas e comercialização de mel foi o saudoso Acácio Monteiro ( o homem dos sete ofícios: apicultor, moleiro, agricultor, tamanqueiro, tabernista, músico ( exímio tocador de concertina ), trapezista, etc ).

A criação de ovelhas e cabras, pastando em total liberdade durante o dia nos montes que circundam Colo de Pito é um importante recurso económico nesta região - fonte de carne, laticínios e lã. Grande quantidade de borregos e cabritos aqui criados são vendidos para toda esta zona (abastecendo os restaurantes locais) e particularmente comercializados para a cidade do Porto, na época da Páscoa. Um dos seus principais criadores em Colo de Pito é,  actualmente, o José Fortunato com cerca de 400 cabeças ( ovelhas e cabras ).

  • A ovelha foi domesticada na Idade do Bronze a partir do muflão (Ovis orientalis), que vive actualmente nas montanhas da Turquia e Iraque.

  • As ovelhas são, quase sempre, criadas em rebanhos.

Nesta região ( fria ), o cuidado com as crias recém-nascidas é intenso já que a época de partos coincide com os meses de inverno. Além do frio, existe um cuidado redobrado com as raposas e lobos.

A lã, retirada no início do verão, torna a crescer, garantindo ao animal a sua própria defesa ao frio.

Rebanho de ovelhas e cabras de José Fortunato em Colo de Pito

Em Colo de Pito, no início do Verão, tosquiam-se as ovelhas - retirada da lã do corpo da ovelha, como uma tesoura especial, que torna a crescer, garantindo ao animal a sua própria defesa ao frio.

Depois da tosquia a lã é preparada para trabalhos artesanais - camisolas e meias de lã.

A lã bem lavada até ficar de uma côr branca brilhante ( alguma dela é tingida a várias cores ) é fiada num fuso e feito um novelo de lã.

Gracinda de Colo de Pito a fiar lã

Ao serão ( principalmente no Inverno ) junto à lareira, fazem-se as meias de lã ( para uso diário e para dormir ), já que o frio aperta, além de camisolas e outros trabalhos de lã.

Outro dos animais mais criados em Colo de Pito e povoações vizinhas é a cabra, por ser uma importante fonte de receita para os agricultores, não só, pela carne, como pelo leite e queijo.

As cabras são excelentes exploradores e conseguem encontrar a sua própria comida. Para a sua alimentação encontramos o mato ( a giesta  e a piorna, com maias brancas e amarelas, em Maio de cada ano ), que impregnam com suave odor, verdadeiro perfume, toda a região.

 Cabra

A criação de gado bovino é em Colo de Pito, desde tempos antigos, outra importante fonte de rendimento para a população, não só, para utilização na lavoura - tão típico desta região - lavrar a terra e transporte de vários produtos (milho, centeio, estrume ), como para abastecimento de leite e carne.

Junta de vacas de Diamantino Fidalgo a transportar molhos de milho

Estes animais têm pasto durante quase todo o ano nas lameiras onde a erva fresca e o feno é a sua principal alimentação, além do milho verde, leitugas, labrestos, rabaças e cardos. A pastagem natural destes animais é feito nas lameiras que se situam junto dos rios ( v.g. Vidoeiro e Delóbra /Paivô, Xá da Ferreira), com água límpida e cristalina, onde se destacam as frondosas sombras refrescantes dos amieiros, entrecortada com juncos, vimes e freixos.

Vacas do Albano a pastar na Ouvida

Há também as flores amarelas das carqueijas, tojos e sargaços (que também dão pútegas) e as azuladas das urgueiras e urzes, fieitos (fetos) de que se alimentam as ovelhas e cabras.

As ovelhas são, quase sempre, criadas em rebanhos. É necessário um cuidado especial com as crias recém-nascidas ( borregos ), já que a época de partos coincide com os meses de inverno. Além do frio, especial atenção às raposas e lobos que cercam as fêmeas e roubam e matam os seus filhotes.

Texto: Delfim Luiz e Manuel Dória Vilar