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Latitude 40.9667 Longitude -7.8833 Altitude (feet) 2906
Lat (DMS) 40° 58' 0N Long (DMS) 7° 52' 60W Altitude (meters) 885
POPULAÇÃO - DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ETÁRIA
Localidade HM H 0-14 15-24 25-64 65 ou mais
Monteiras 174 75 37 26 66 45
Eido - - - - - -
Colo de Pito 149 75 31 20 67 31
Carvalhas 54 28 11 9 23 11
Relva 203 104 36 37 92 38
TOTAL 580 296 115 92 248 125
Fonte: C.M. Castro Daire
 

      Não temos registo dos habitantes iniciais de Colo de Pito, mas conhecemos algumas pessoas que, no passado recente, dignificaram e enobreceram Colo de Pito, a Freguesia de Monteiras, o Concelho de Castro Daire e a Diocese de Lamego.

       Em 2006 habitam em Colo de Pito 149 pessoas ( ou aqui recenseadas )
 
Serra de Montemuro
Serra de Montemuro - Vista de Colo de Pito - Maio 2006 ( click na imagem )

Colo de Pito situa-se num planalto tendo como fundo a grandiosa Serra de Montemuro, -  a oitava maior elevação de Portugal Continental, com 1382 metros de altitude. Situa-se no concelho de Cinfães, distrito de Viseu e região do Douro Litoral, a sua altitude média é de 838m e está compreendida entre o rio Douro, a Norte e o rio Paiva, a sul, confinando com a cidade de Lamego. O seu ponto mais alto é denominado por Montemuro, a 1.381 metros de altitude. Aqui nascem o Rio Balsemão (lugar do Rossão), o Rio Cabrum, o Rio Bestança e o Ribeiro de Carcavelos, - no prolongamento da Senhora da Ouvida. Esta montanha em grande plano (foto) faz parte integrante da nossa bela paisagem.

Do alto do Torrão, como se fosse um miradouro, avistamos tudo ao nosso redor, tal como o Alto da Ucha para o lado do Mezio, Vale Abrigoso, Carvalhas, Monteiras, Serra da Estrela ( em dias de bom tempo ), Senhora da Ouvida e Moura Morta.

Daqui se vêm montes e vales. De dia a vista panorâmica é unica e deslumbrante. À noite poderemos apreciar o firmamento - céu estrelado, com estrelas cintilantes e cometas de quando em vez. Também podemos apreciar várias constelações " a olho nu ", por exemplo  Estrela Polar ( estrela que pela sua posição no firmamento, directamente acima de um dos pólos da Terra é utilizada para auxiliar a navegação,. a Estrela Polar pode referir-se tanto a Estrela do Norte como a Estrela do Sul embora a expressão seja usualmente utilizada em referência a Polaris, a estrela mais brilhante da constelação Ursa Menor (em latim: Ursa Minor), que é actualmente a Estrela do Norte ). Aqui tudo é calmo e tranquilo. O vento sopra forte no Inverno. Durante a Primavera e Verão sopra uma pequena brisa de ar fresco que retempera o fluxo do constante ar quente. Respiramos ar puro.

No Largo da Capela temos 4 caminhos:

Capela de N. Sra da Saúde - Colo de Pito ( Maio 2006 )

Largo da Capela - Maria Augusta Dória Largo da Capela - Maria Augusta Fidalgo
 
Vista das traseiras da Capela de N. Sra da Saúde para o Rio Coira e Carvalhas

1 - CAMINHO PARA A DELOBRA

Em direcção à Delobra que nos leva para os campos e lameiras do lado das Carvalhas, chegamos ao Rio Coira, com um curso de água tranquilo, ladeado por amieiros e salgueiros, onde as vacas, ainda, podem beber. Tem belas sombras e a água é muita fria. O Rio Coira vai passar mais a baixo na ponte das Monteiras.

Ponte das Monteiras - Rio Coira
 
2 - CAMINHO PARA A LAGE
Do lado direito da Capela seguimos rua abaixo em direcção à lage, onde habitam o Valentim, o Mário " pedreiro ", o Eduardo Monteiro Diogo, a Gracinda Ferreira, entre outros. Antigamente ( há mais de 30 anos ) era este o caminho que se usava para deixar o povo ( localidade ). Por aqui se seguia para as Monteiras e aos Domingos para assistir à missa celebrada pelo Padre Anselmo. Este trajecto, foi entretanto alterado com a abertura do caminho pelo Torrão. Por aqui vinha toda a pequenada ( miúdos da aldeia) para o escorrega, ainda, existente, mas actualmente pouco usado, junto à casa do Valentim. Foi na minha casa no sitio da lage que eu nasci em 9 de Abril de 1955 ( assistiu ao parto a minha tia Adélia Dória ).

Na década de 80 e na casa onde eu nasci, foi aberta uma taberna pelo Mário " o pedreiro ", mas que posteriormente veio a fechar definitivamente. Nasceu como alternativa e despique em rivalidade com  à Taberna do Acácio Monteiro ( no Largo da Capela ) e da Maria do Céu Rouxinol - na poça cimeira, junto à estrada (E.N. 2), em direcção ao Mezio e para o lado da Escola Primária.

Largo da Capela - em frente caminho em direcção à lage
 
3- CAMINHO PARA O TORRÃO
 
Este o principal caminho, hoje Rua Central em direcção ao Torrão. Aqui viramos à esquerda para as Carvalhas, Eido, Monteiras, Relva, Cujo, Almofala, Pendilhe e S. Joaninho.

Largo da Capela - Rua Central em direcção ao Torrão

Virando à direita seguimos em direcção à Senhora da Ouvida, Moura Morta e Castro Daire. Passamos pela parte nova (zona de vivendas ) de Colo de Pito, onde podemos parar e ir ao Café do Torrão e Mini Mercado, da Florbela. Podemos seguir em direcção à sebe, Rio do Vidoeiro, saíndo da aldeia para as leiras ( a maioria de monte - sem grangeio ) e mais junto ao rio, as lameiras - pastagem de vacas, pastoreio de cabras e ovelhas. Antigamente era uma zona muito perigosa para o gado, por causa de ataques surpresa dos lobos, em grande quantidade até à década de 80. Os lobos atacavam sobretudo os cordeirinhos e ovelhas mais distraídas, mesmo com a presença do pastor e cão com coleira de protecção. Os lobos ora atacavam de manhã, como à tarde e à noitinha e tanto no Verão como no Inverno. Ouvia-se muitas vezes os gritos o pastor: " agarra que é lobo ". D imediato e por espírito de solidariedade, todos os vizinhos presentes e com gado na pastorícia desatavam a correr, sem saber bem para onde, para o lado que o pastor indicava. A maioria das vezes o ataque era tão rápido que nunca mais nada se via - nem lobo nem ovelha. Os lobos surgiam inesperadamente da Serra de Montemuro que atravessavam o Rio do Vidoeiro e sobiam toda a encosta para aqui fazerem as suas presas.

Até à década de 70 e em períodos anteriores, todo o povo se reunia, pelo menos, uma vez por ano, ao Domingo a seguir à missa, para fazer uma batida ao lobo (dar caça ao lobo ), armados de paus e xacholas. A miudagem seguia até ao Torrão e voltava para a brincadeira. A caça ao lobo era uma iniciativa da Junta de Freguesia e na qual todas as pessoas das aldeias intervinham partindo à mesma hora, para as zonas pré designadas - os de Colo de Pito para o lado do vidoeiro, corgo, coira, Ouvida, etc., os das Carvalhas, Eido, Monteiras e Relva para outros lados. No final do dia fazia-se o balanço da caçada - quase sempre apanhavam um lobo. E, se assim fosse, tal como mandava a tradição, o animal morto (lobo) era posto numa padiola e mostrado a toda a população pelas ruas e caminhos da aldeia. Lembro-me, perfeitamente, de assistir a alguns destes cortejos. Era um momento solene podem crer. Quatro ( 4 ) homens, dois (2) de cada lado da padiola com ar triunfante, eram entusiasticamente aplaudidos à medida que mostravam o troféu. No fim do cortejo juntavam-se na Taberna da Capela - do Acácio Monteiro, onde bebiam uns copos, tocavam concertina e violão, em fraterna convivência. Enquanto decorria este convívio, cada um dava o seu palpite, contava as peripécias desta aventura e claro muito exagero no modo de dizer em como tinha decorrido a caçada ao lobo - ... que tinha feito isto e aquilo, mais trocas e baldrocas. Era este o tema de conversa, no Domingo logo a seguir, à saída da missa. Aqui fazia-se um balanço mais alargado em relação a todas as aldeias.

Na direcção do Torrão para o rio do Vidoeiro, todos os dias, até à década de 60 - a pé ou de burro, nos anos seguintes - montado na sua motoreta (motorizada Zundap), seguia o tio Acácio Monteiro para o moínho - mesmo junto ao açude do rio ( a que chamavamos o Xá da Ferreira ) e onde se podia nadar e pescar barbos com uma cana de pesca artesanal ( apenas um fio atado a um pau com um anzol ou mesmo à mão ).

O moínho era movido a água proveniente directamente do rio e levada por um pequeno rego que abastecia e fazia mover a mó. Moía milho e centeio. Ainda, me recordo de ver o tio Acácio com a cara de branco toda enfarinhada. A miudagem corria atrás da motoreta enquanto o tio Acácio fazia diversas piruetas até à Taberna - de manhã bem cedo levava os cereais para moer e à tardinha chegava com os sacos cheios de farinha e já moídos. Com a farinha fresca e sacos abertos - com um cheiro agradavel e característico do cereal acabado de moer começavam a chegar os fregueses habituais para levarem esta benção do céu para as suas casas.

É bom recordar que na década de 70 e anos anteriores, a vida na aldeia e as suas gentes, viviam com enormes dificuldades. A vida era dura e parca em recursos económicos, muito escassos para a maioria das pessoas. Por isso a farinha de milho, especialmente, no Outono e Inverno, era utilizada pelas famílias ( almoço / jantar ), confeccionando o caldo de farinha, ao lume da lareira, de lenha de giesta ou carqueja e em panela de ferro ( prato tradicional das aldeias da Beira Alta e deste concelho - Castro Daire ).

Descobri este moínho de água, recentemente e, ainda, em plena actividade, em Maio de 2006, na aldeia de Cujó - fotos baixo. Este moínho está muito bem conservado e em pleno uso como podemos verificar - clique nas imagens para aumentar.

Moínho de água - Cujó. Maio de 2006
 
Moínho de água - Cujó. Maio de 2006

Mêdas de centeio prontas para a debulhada - Eira do Largo da Capela

Junta de vacas devidamente aparelhada - molhelha, jugo, sôga e campaínhas

Texto e fotos

Manuel Dória Vilar